Quem o vê hoje, como defensor experiente do campo da música nas políticas culturais e ex-conselheiro de cultura, talvez não imagine a longa caminhada que o trouxe até aqui. Com trajetória consolidada no cenário cultural do Rio Grande do Sul, atua como analista de projetos culturais no Ministério da Cultura e é doutorando em Etnomusicologia na UFRGS. Sua atuação inclui participação ativa em conselhos e iniciativas de formulação de políticas públicas, sempre com o compromisso de construir, articular e defender a cultura em suas múltiplas dimensões. Nos espaços de deliberação e análise técnica, carrega uma formação sólida, uma vivência prática intensa e uma convicção profunda no poder transformador da cultura.

Mas essa não é uma história que começa com reconhecimento. Para entender como Bruno chegou a esse ponto, é preciso recuar. Antes do mestrado sobre jazz em Porto Alegre, antes da análise de centenas de projetos culturais, antes das falas em conferências e das colaborações institucionais, havia um jovem estudante que descobria na banda marcial um primeiro contato com o fazer musical. Foi ali, entre as melodias de filmes que o inspiravam e os ensaios no pátio da escola com a banda marcial, que nasceu o encantamento pela música.

Durante mais de uma década, Bruno mergulhou nesse universo. Tocou diversos instrumentos, viajou com a banda, ensinou colegas e se tornou um referêncial dentro daquele espaço. Mas o desejo de seguir carreira o levou a novos desafios: buscou formação em conservatórios, almejou as orquestras, encantou-se com temas de filmes e sonhava com um futuro profissional ligado ao trompete e à música instrumental.

Foi então que a realidade bateu. O ambiente das orquestras, que antes parecia ser o ápice de uma carreira musical, revelou-se algo bem diferente do que se imaginava. Não era apenas competitivo — era excludente, restrito e profundamente marcado por uma lógica que ia muito além do mérito artístico. O acesso às vagas, aos ensaios e às oportunidades não dependia apenas de talento ou dedicação. Na prática, existia uma espécie de linha sucessória informal: quem conseguia entrar era, na maioria das vezes, o aluno de alguém que já fazia parte da orquestra, ou o aluno do aluno — como se houvesse uma genealogia tácita, um círculo de herança simbólica e de influência direta. Era difícil furar essa bolha.

“I love the scents of winter! For me, it’s all about the feeling you get when you smell pumpkin spice, cinnamon, nutmeg, gingerbread and spruce.”

Para quem vinha de fora desse circuito, por mais que estudasse, se dedicasse e tivesse experiência prática, o caminho era sempre mais íngreme — ou simplesmente bloqueado. Essa descoberta foi um baque, um momento de frustração profunda. Mas, ao mesmo tempo, foi também um ponto de virada. Porque foi ali que se começou a ver a música para além das instituições tradicionais. Ao ingressar no curso de Música Popular da UFRGS, o contraste foi imediato: o espaço era habitado por artistas abertos à colaboração, ao improviso e a trajetórias marcadas pela diversidade de vivências. Um ambiente onde a música não era um fim fechado em si mesmo, mas um campo aberto de troca, criação e reinvenção.

Foi nesse novo contexto que a etnomusicologia entrou em cena — não apenas como um campo de estudo, mas como uma lente transformadora. Com ela, veio a possibilidade de compreender a música não apenas como técnica ou performance, mas como expressão cultural, como prática social e como instrumento de construção coletiva. E, assim, o que parecia uma derrota se transformou no início de uma nova caminhada, mais livre, mais crítica e mais alinhada com as experiências e convicções que vinham sendo cultivadas desde os primeiros ensaios no pátio da escola.

 

Possui vasta experiência em bancas de avaliação cultural,
com mais de 
100 participações pelo LIC-RS Conselho
Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul (até 2024). Atuou
como 
parecerista para a Secretaria de Cultura de Pelotas
(SECULT) em 2023, bem como para as 
Secretarias de Cultura
e Turismo de Jaguarão e Gravataí no mesmo ano. Em Bagé,
participou da avaliação de projetos pela 
Lei Paulo Gustavo
em 2023.

No âmbito nacional, Bruno atua na SEFIC do Ministério da
Cultura em 2024. Ele também contribuiu para a Política
Estadual de 
Cultura Viva RS em Porto Alegre em 2023. Com
uma pós-graduação em 
Gestão Cultural pelo SENAC-SP
(2017-2019), Bruno alia sua formação acadêmica à prática na
gestão e avaliação de projetos culturais, evidenciando seu
comprometimento com a promoção e desenvolvimento da
cultura no Brasil.

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A partir dali, cada passo foi de reinvenção. Os projetos culturais que antes pareciam distantes se tornaram ferramentas concretas de trabalho e sobrevivência. O ativismo cresceu conforme crescia também a percepção de que muitos músicos, como ele, não encontravam espaço nos editais ou nos circuitos culturais tradicionais. Ao mesmo tempo, vieram as experiências como trompetista em grupos de blues e jazz do sul do Brasil, como Luciano Leães & The Big Chiefs, Blues da Casa Torta, Urânios Blues, Cartas na Rua e Dixieland Cumbuca Jazz (POA Jazz Band), alimentando sua pesquisa e sua visão de cultura.

A atuação em conselhos, comissões julgadoras e funções técnicas não foi consequência natural, mas fruto de uma trajetória marcada por enfrentamentos e estratégias de sobrevivência. Foi ao buscar espaços onde pudesse existir profissionalmente, diante das barreiras impostas a músicos como ele, que essas frentes de atuação foram sendo construídas — mais por necessidade do que por escolha. Hoje, Bruno é reconhecido como uma referência em políticas culturais, com uma visão que conecta a base à gestão, a prática à teoria, o cotidiano da cultura ao seu potencial de transformação.

Sua história é, antes de tudo, uma história de escuta, de coragem e de reinvenção constante. E como toda boa narrativa, ainda está sendo escrita.

 

Direitos reservados Classe Musical: Formação, Produção e Pesquisa.