Hoje tirei pra pensar um pouco sobre as trajetórias que já conheci no contexto de Sopros e entrelaçar com as diferentes experiências que vivi nos contextos de Bandas Escolares, vulgo Bandas Marciais, ou Fanfarras [em outros lugares] e trazer alguns detalhes que nem passam pela nossa cabeça lá no início, mas que julgo essenciais.
Estude com o melhor professor que conseguir!
Principalmente quando estamos nos referindo a instrumentos que utilizam o bocal como fonte formadora do som, que é o caso de instrumentos como trompete, trombones, a iniciação musical pode revelar verdadeiros desafios de paciência e perseverança. Por isso, faça aula com um ótimo professor pelo menos uma vez ao mês para que ele possa lhe indicar os caminhos e correções a se tomar. Lembrando sempre que um bom professor nem sempre é o melhor performer e na ausência de um “supervisor” do seu estudo lembre-se que seu primeiro professor é seu ouvido.
Domine os conhecimentos musicais
Conhecer música não significa passar horas estudando leitura e solfejo, se você quiser ser um intérprete em algum grande grupo isso pode ser útil, mas se você quer se expressar musicalmente precisa entender antes disso os parâmetros que constitui a música [Harmonia, Melodia, Altura, Intensidade, Forma e Linguagem], acredite isso vai atalhar demais a sua vida. Dominar a linguagem musical no estilo em você pretende tocar é essencial e ao contrário do que muito se informa, a análise musical por meio da escuta ativa de determinado repertório pode ser muito mais recompensadora do que passar horas em cima de uma literatura musical que não tem nenhuma relação com a sua prática musical.
Torne-se um Musicista Independente
Muitos dos músicos de sopro, principalmente dos contextos de bandas de onde vim, estudam a vida inteira para ocupar um posto em uma orquestra que possui por vezes “duas vagas” ou mesmo acabam por prestar concursos em bandas militares. Saiba que a realidade da GRANDE maioria é exatamente oposto disso e certifique-se que está preparado para não conseguir essa vaga. Por isso é muito importante “não depender” de instituições grandes, principalmente instituições colonizadoras como orquestras que estão a cada dia como menos incentivos e menores. É preciso refletir que o músico de sopro também pode ter um trabalho solo, autoral, seus próprios projetos e isso também precisa ser trabalhado de forma independente. Não espere uma orquestra ou um grupo a vida inteira cair do seu pra resolver a sua vida.
Construa Relações
Um grande defeito dos músicos é achar que a sua técnica vai salvar a sua vida. Dessa forma é muito comum músicos passarem horas e horas estudando métodos fechados em seus quartos para soar como a sua referência em determinado estilo ou por vezes como seu professor “manda”. Ai mora o perigo! O que acaba acontecendo nesses casos é o isolamento dessas pessoas que se tornam ótimas em seus instrumentos e pessoas muito pouco sociáveis. Quem nunca conheceu um grande virtuose que ninguém suportava estar ao lado¿ Ou mesmo quem já se viu encantado em conhecer um@ grande musicista e descobriu ser uma ótima pessoa¿
É igualmente importante Tocar Em Diferentes Contextos, fazer amigos, colegas e circular em todos mundos musicais possíveis. Digo isso por conhecimento de causa da alienação musical que poder ser tocar em “uma mesma banda” durante muitos anos, principalmente quando o ambiente proíbe você de tocar em outros lugares porque precisa “vestir a camisa” ou por ser um instrumento da escola ou da banda. Então vale a reflexão. Circule!
Tocar é sobre viver e expressar em Grupo
Como último conselho de alguém não tão velho assim, mas que observa muito o nosso contexto de “sopristas” é pense um pouco mais sobre o porque você está fazendo isso e qual a relação que você pode causar na sua própria Cena Musical. Por mais que todos nós sejamos um pouco políticos no sentido de negociar nossas ações no meio musical, cabe sempre aquela reflexão do impacto que podemos ter na educação musical do próximo, no sentimento do próximo ou mesmo na maneira que somos vistos em sociedade. De nada adianta reclamar de bons cachês, de péssimos investimentos, de todas as dificuldades se não nos posicionamos para resolve-las.
Distanciamento, Vaidade e Competição Individual são apenas três de muitas categorias do fenômeno Humano que poderíamos tentar repensar no campo da música.
Afinal, tocar é viver e expressar em “Grupo”!
Bruno Nascimento
Músicólogo